Revisita

Estou de volta à mesma praça

Onde achei que fosses minha

Aqui eu cai em graça

Mas era só minha sina

De perder-se de amor

Por alguma bela menina

O maior em muitos anos

De 'alguma' nada tinhas

Estes passos eu me lembro

Andando pelo teatro

Atravessando duas ruas

Passando o portal de aço

Sem achar o meu amor

Andei reto, olhei pro lado

Encontrei ali então

As costas que não afago

Hoje sentado no banco

Lembro o dia em que dizias

Que queria o meu amor

Dia e noite, noite e dia

Me pediu pra repetir

A mais bela poesia

Que há pouco fiz pra ti

Enquanto o coração ardia

De saudade e de amor

Esperando não ser tardia

A hora em que o seu amor

De mim não se esconderia

Abençoando a hora em que

Eu há dias lhe escolhia

A mulher que quero amar

Sem saber se me amaria

Rápida como se ergueu

A alegria virou pó

Da sua voz grave e meiga

Aqui lembro triste e só

Enquanto minha cabeça e alma

Misturadas dão um nó

Quem me vê sentado aqui

Deve sentir até dó

Pois razão nem poesia

Entendem juntos ou sós

Porque não estás aqui?

Mas você sabe de cor

A bagunça que fizestes

A meu ver não tem razão

Você manchou nós dois

Desbotou um só coração

Como um dia alguém já disse

Mas pensei ser ficção

"Cairá sobre o seu mundo

Num segundo a traição"

Traição que não carnal

Mas de sentimento puro

Que tinhas muito por mim

Mas quis levantar um muro

Entre os nossos corações

Mas um dia, amor, eu juro

Mesmo alto e com espinhos

Um dia este muro eu pulo!

Lauro Bart
Enviado por Lauro Bart em 06/01/2006
Código do texto: T95083