VOCÊ SE LAVA, MAS NÃO SE LIMPA...
Aquele homem assassinou
a serenidade do seu sexo.
Ele era bruto, forte e feio.
E você gostou daquela brutalidade,
você cedeu àquela fortaleza.
Você chegou a ver encanto
onde nem havia beleza.
Aquele homem roubou
a pureza de suas entranhas.
Ele te fez mulher...
E você se contorceu, gemeu,
você se entregou e gostou.
Sentiu um prazer assustador
que nem ele mostrou que sentiu.
Aquele homem jamais saiu
de sua memória.
Ele a persegue.
Você ainda ouve aquela voz,
você ainda sonha com a cena.
Você sozinha ainda
se contorce e geme,
sente a mesma dor,
goza o mesmo gozo.
Incrível!
Você ainda faz amor com ele,
mesmo com ele ausente fisicamente.
Aquele homem deixou
em você um pouco dele.
Você se lava,
mas não se limpa,
Nunca se livra
daquele resto.
Ele é o espectro do seu pesadelo.
Ele é a imagem que surge hoje
quando você fecha os olhos.
Ele é miragem e lembrança,
seu passado e seu presente.
Estranhamente ele é o homem
de quando você faz amor sozinha.
O que você sente por ele,
é alguma coisa que se situa
no ínfimo território
que existe entre
o amor e o ódio.