LEMBRANÇAS...
Tu me seduziste pelo vento...
Tua voz vinha, encantada,
Junto ao tropel de cavalos tão selvagens
Que levantavam poeira na Mãe-Terra
E se depositava em mim, em minha pele
Sedenta
Como um ósculo sagrado e carinhoso
Da Grande Mãe, a Mãe Universal...
Tua voz galopava no Minuano...
E com ela invadiste o meu corpo
Sem pedir licença...
E me incendiaste em teu amor!...
Depois tudo mudou. A água mansa
De uma chuva calma me inundou...
A paixão esvaiu-se como um sonho
E me senti só... nada ficou.
Tua voz já foi, galopando vento,
Escapando pelas frinchas das janelas
E das portas que não podem te deter...
Tudo eu tentei... mas tu foste embora
Ficaste perto, mas sempre tão longe...
Os cavalos não são mais os selvagens...
Mas do incêndio do teu amor brotou a lágrima
Irmã da chuva doce e calma...
Ela acompanha e me banha em seu torpor...
Não sou mais a mesma, certamente...
Com minhas lembranças tuas/nossas
Jamais voltarei a ficar só.
Afinal, é certo, disse o Poeta:
“Longe é um lugar que não existe...”
Mas estar longe é por demais triste...
Estás comigo... Estarei contigo??
Eu já não sou mais “eu”... Mas serei “nós”??...
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