A FLAUTA DE PAN

A FLAUTA DE PAN
Jorge Linhaça

Toca, ó Pan, a tua flauta, doce, encantada,
ó fauno , senhor d'alegre fertilidade.
Tu que aos sonhos das lindas ninfas invades,
compondo odes a lembrar de tua amada.

Tanto a perseguiste por entre os campos,
que lançou-se ao rio tua amada Siringa,
Transformada de suas formas femininas,
nos juncos ocos que enchem-te de encanto.

Choras, em tua flauta, hoje, o lamento,
da tua ninfa tão formosa e já perdida.
Contigo eu me encontro nas névoas do tempo,

São nossas dores, ó sátiro, parecidas,
foi-se a minha musa carregada no vento,
por isso acompanho-te com minha ocarina.