NOITES INSONES DE GRANDES SILÊNCIOS...

Noites insones de grandes silêncios...

Que mensagens estranhas me trazem de longe?

Eu ouço tua voz, que vem vindo na noite...

O vento revolto, sibila e canta,

E o mais... é silêncio...

Em meio à quietude da noite que é imensa

Eu sinto teu beijo, eu ouço tua voz...

O vento sibila e canta ao redor...

E eu estou só... o resto é silêncio.

No mudo silêncio, que falas tão doces!...

No mudo silêncio, que saudades de outrora!...

Em breve, amanhece... e então outra aurora

Meus sonhos, lembranças, dissipam em vão...

No dia, ocupada, com mil afazeres,

Sorriem meus olhos em mágica prece...

Furtivos olhares... distantes... tão frios!...

Furtivos olhares... minha alma enternece!

Pos trás dos olhares que, mudos, não falam,

Eu lembro outro tempo... em que, um dia, falaram,

Que um dia, em ternura, minh’alma encantaram...

Mas, às vezes, eu "leio" os olhares furtivos

E vejo também dolorida saudade...

Ou “penso” que leio... o silêncio é confuso,

E confusa estou nas noites silentes...

Nas noites insones de grandes silêncios

Desfilam imagens de um tempo feliz...

Os olhos sorriam em doce esperança...

E hoje, o silêncio...

– O que ele diz?...

Indago do vento: “Ele um dia me quis?...”

Nas noites insones de grandes silêncios

Em que o tempo não passa, sou eterna aprendiz.

Meus sonhos vão longe... recordo momentos

Em que fui (em que fomos??...) um amor tão feliz...

São noites insones de grandes silêncios...

– Que fiz eu comigo, Senhor, o que fiz?...

Gira o vento ao meu lado... e canta!...

Mas não responde às perguntas que fiz...

Talvez durmas tranqüilo... talvez chames por mim...

Nas noites insones, de grandes silêncios

Chora uma mulher... que está infeliz...

Nas noites insones , de grandes silêncios,

Meu corpo me dói porque um dia te quis...

Apenas silêncio... ninguém me responde...

– Senhor, te pergunto, qual mal a ele fiz?...

– É sua voz que me chama? Ou a insanidade

Tomou-me o corpo e eu “ouço" o que diz?

Não posso descrer do que um dia eu ouvi!...

E não posso crer que fossem mentira

As juras de amor que um dia vivi...

Nas noites insones, eu vôo no vento,

Um beijo, suave, te dou...

– Mas daqui!...

Meu sonho não passa de um grande silêncio...

Estarei viva?... Será que morri?...

Na noite, o silêncio, medonho, me fala...

Na noite, a insônia toma conta de mim...

Fiel companheira... há gosto de fel

Onde um dia foi beijo com gosto de mel...

Mas...

Um dia verás... e ouvirás que te chamo...

Um dia te foste... E um dia virás!...

Por isto não durmo: te espero acordada...

Um dia dirás, de novo, “Eu te amo!”

Um dia... Ou uma noite: o silêncio não diz!...

– Por isto eu te espero, meu amor, acordada...

Um dia... (Ainda sonho!...) te farei tão feliz!...

E não haverá mais noites sem sono

No grande silêncio da noite sem dono...

Um dia virás!...

Oh! Quanto eu te quis...

O quanto te quero na dor-abandono

Um dia virás...

E eu te farei

Dos homens mortais o que será mais feliz!....

...............................................11 abr 2008, 4h30min......

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 11/04/2008
Código do texto: T940804
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