O BONDE DA SAUDADE

O BONDE DA SAUDADE
Jorge Linhaça

Enquanto a chuva contrai minha alma,
voam os pensamentos para algures,
minhas mãos estendidas, frias palmas,
à espera que, um dia, tu as cures.

O bonde da saudade faz parada,
bem defronte desta minha janela,
tarde cinzenta, turvando a estrada,
as luzes da rua, fracas, amarelas.

Embarco, solitário, neste bonde,
não há condutor, nem há bilheteiro,
o ponto final é onde s'esconde

o sol em seu mergulho derradeiro,
onde as águas de um rio me respondem,
que o amor é eterno luzeiro.

8/04/2008