PRIVA-ME

Priva-me da seda, do linho e do algodão

Do toque macio e sutil da pétala delicada

Tira-me toda e qualquer gostosa sensação

Mas deixa-me o abraço da minha amada

Priva-me dos mergulhos e banhos de mar

Do prazer tátil e de tudo que é uma delícia

Tira-me o agasalho, a fogueira, meu lar

Mas deixa-me ao menos sua leve carícia

Priva-me do doce, do azedo, do salgado

De fruta, peixe, goiabada e do queijo

Tira-me o vinho, esse néctar do pecado

Mas deixa-me o gosto do seu beijo

Priva-me do uirapuru, Mozart e Bach

Chico, Caetano e Paulinho Tapajós

Tira-me a música e o dó-ré-mi-fa

Mas deixa-me o encanto da sua voz

Priva-me da maravilha de uma dança

Da leitura de um conto de fada

Tira-me o sorriso de uma criança

Mas deixa-me a sua gargalhada

Priva-me de Van Gogh, Monet e Picasso

Do sol, das estrelas e da magia do luar

Tira-me o trabalho... E gosto do que faço

Mas deixa-me o brilho do seu olhar

Priva-me de tudo, nada disso importa

Tira-me a alegria, a esperança e a vida

Priva-me do caminho...Fecha-me tua porta

Mas deixa-me viver com minha querida

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 08/04/2008
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