Aurora
Porque despertas nas manhãs serenas
Se minha vida é tão pequena
Diante do sol que no horizonte desponta.
Essa multidão que seguindo vai
Estrela candente que habita o infinito
Sem rancor e olhar soslaio, liberes esse
Grito que de minha garganta não sai.
No tilintar dos pássaros minha aurora
Sempre viva, afago-te agora como fosse
A última vez, doce senhora dos sonhos
Meus, perpetua luz do meu caminhar.
Ah, tires esse véu que te cobre o rosto e soltes
Esse sorriso de semideus, essa máscara
Transparente, amante das mais contentes
E antiga que em minha vida já viveu.
Ah, esse cálice que à noite te embebedastes
Esse rancor que de minha vida arrancastes
Não é para mim mais um suplicio, libertastes
De minh’ alma tudo que de ruim existia.