Aurora

Porque despertas nas manhãs serenas

Se minha vida é tão pequena

Diante do sol que no horizonte desponta.

Essa multidão que seguindo vai

Estrela candente que habita o infinito

Sem rancor e olhar soslaio, liberes esse

Grito que de minha garganta não sai.

No tilintar dos pássaros minha aurora

Sempre viva, afago-te agora como fosse

A última vez, doce senhora dos sonhos

Meus, perpetua luz do meu caminhar.

Ah, tires esse véu que te cobre o rosto e soltes

Esse sorriso de semideus, essa máscara

Transparente, amante das mais contentes

E antiga que em minha vida já viveu.

Ah, esse cálice que à noite te embebedastes

Esse rancor que de minha vida arrancastes

Não é para mim mais um suplicio, libertastes

De minh’ alma tudo que de ruim existia.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 08/04/2008
Reeditado em 08/04/2008
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