fragmentos de amor
Fragmentos de amor.
A borboleta colorida.
Um jarro de porcelana.
Uma conta colarida.
Quadros pintados em toda parte
A disseminar alegrias imprecisas.
Perfume espalhado no ar.
Lenços, encharpes e meias
E a certeza de ter alguém esperando
Ansioso
São fragmentos de amor:
Um bilhete cravado com imã
Um bolo no forno
Facas arrumadas pelo tamanho
Gavetas impecáveis...
Roupa branca no varal
Ferro a passar roupas lavadas e
enrugadíssimas
Singelas flores silvestres
a eternizar uma primavera interior
Lá fora o outono
forra o chão de folhas.
E, os frutos amadurecem de manhã
Lavados pelo orvalho
Estão prontos para serem digeridos
Pela fome terçã
Pela fé grotesca
no inesgotável,
no infinito,
no inatingível
Bordado na borda dos lenços,
nos monogramas das camisas,
nas toalhas e
por onde quer que se possa deixar
vestígios de um afeto.