NOSSA OFERTA...
É noite...
Escura...
Medonha...
Esquálidas vozes se fazem ouvir.
Gemidos... Quem ouve?...
O vento os repete,
O vento, o vento...
Quem ouve?... Quem ouve?...
– São Ais!...
Na campa tão fria,
Funéreos segredos,
Incluem degredos,
Saudades de amor...
São mortos sozinhos...
Que noites imensas terão de dormir!...
Que pálidos sonhos haverão de fruir?...
Aos mortos, as corujas piam...
São doces afagos...
Aos mortos,
A Lua de prata
Fornece visões...
Sonhares antigos
Mortiças janelas
Dos seus Casarões...
Aos mortos a oferta:
Desprezo e... saudade?...
Saudade terão?
Alguém sentirá?...
Aos mortos...
Só o ostracismo...
... sem recordação!...
e os grandes mausoléus
se perdem na noite
encoberta por véus...
as campas retratam
os dramas da vida:
as juras mentidas
em doce ilusão...
Por isto lhes faço
Esta homenagem...
A todos os mortos
Sem recordação!...
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