Amor casual

A primeira vista apaixonou-se...

Viveu, sofreu, depois refletiu e viu

Que aquele amor não podia ser,

Tamanha era a diferença das idades

Que a felicidade logo ia perecer.

Amava o belo, a beleza dos seres;

Levava flores até aos olhos desconhecidos

Despedia-se contente ou aborrecido

Por ter sido ou não em seus propósitos

Atendido, cantou ou chorou, sobia-se

Apenas que outra vez nem tudo fora perdido.

Incrustaram-se as lembranças, voou como

Um pássaro a esperança, persuadindo

Pela a amabilidade, rodou por toda cidade

E fez coisa que jamais tinha pretendido.

Amou como um andarilho, em perfeita

Consciência a taça vazia partiu, comeu

O pão que a necessidade solicitou, depois

À realidade voltou e do casual desistiu.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 05/04/2008
Reeditado em 06/04/2008
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