Amor casual
A primeira vista apaixonou-se...
Viveu, sofreu, depois refletiu e viu
Que aquele amor não podia ser,
Tamanha era a diferença das idades
Que a felicidade logo ia perecer.
Amava o belo, a beleza dos seres;
Levava flores até aos olhos desconhecidos
Despedia-se contente ou aborrecido
Por ter sido ou não em seus propósitos
Atendido, cantou ou chorou, sobia-se
Apenas que outra vez nem tudo fora perdido.
Incrustaram-se as lembranças, voou como
Um pássaro a esperança, persuadindo
Pela a amabilidade, rodou por toda cidade
E fez coisa que jamais tinha pretendido.
Amou como um andarilho, em perfeita
Consciência a taça vazia partiu, comeu
O pão que a necessidade solicitou, depois
À realidade voltou e do casual desistiu.