A INSPIRAÇÃO DO POETA...

A inspiração do poeta

Às vezes, nasce sem meta,

Sem rumo que seja:

De uma flor, de um riso,

De um meigo sorriso,

De sonhar que deseja;

Ou o doce cristal

De sons sem igual

Desabrocha em flor;

Ou o perfume do dia,

A cantar que sentia

Ao ver da chuva o pavor!

E do riscar de trovões

- inquietos balões –

De criança a sonhar...

E aí o poeta,

Desabrocha a cantar,

Em meigas canções...

E tudo já nasce,

E tudo renasce,

Em gotas de sonho...

E ventos que dobram

E chuvas que roubam

O futuro risonho...

Coriscos dourados,

Escuros, rasgados,

Que quebram os céus,

Estradas escuras,

Estranhas rasuras,

Dançando com véus

de chuva

de noite

de água

de azul

que cai fortemente,

zangada, fremente,

vibrando emoção...

Caindo mansinha,

reclama sozinha

uma doce canção...

E o Porta, escuro,

Inquieto, obscuro,

Olhando a tristeza,

Escreve o que vai

Passando em sua alma;

E mil sensações,

Tristeza, ilusões,

Se extravasam e vão

Correr junto à chuva

– Que corre de enxurra –

E leva a canção

Dolente de amor

Que acalma sua dor,

De amar e sonhar...

E a meiga cantiga

De dores antiga,

Escorre na chuva

– que leva de enxurra –

Todo o sonho de amor...

E a saudade se esvai

Na chuva que cai...

E extravasa em calor

Seu mais puro Amor...

E o Poeta sente,

Na chuva que mente

Seu imenso sofrer,

Sua dor de entrever

Seus sonhos no chão

Escorrendo com a lama

E o barro... E exclama:

– Sou chuva também...

................................................

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 05/04/2008
Código do texto: T932277
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.