Ártemis

A lua permanece bela

Deusa, mulher na terra

Que brota, nasce, transforma

Que volta, sorriso entre as sombras

E que sorriso!

E que sombras...

Tudo está tão simples

As pessoas permanecem andando

Daqui para lá

Ainda brilham os mesmos raios de sol

Ainda existe aquela luz

Os cantos da História ecoam belos nos meus ouvidos

O amor de Alexandre

A queda de Tróia

E antes, antes

Além dos deuses

Além de Ártemis, no seio branco da lua

No sêmem luminoso de Apolo

Sobre as nuvens, onde os deuses fazem amor às escondidas

Onde os poetas cantaram o amor às eternas virgens

Onde eu e você passeamos, há muitas vidas atrás.

Lembras?

Dos campos verdes

Das flores de cores sem nome

Das borboletas...

As suaves borboletas amarelas de Macondo

O galeão espanhol perdido no sem mar

A falta de cobiça, de inveja, de raiva

A simplicidade por si só

O fato de andarmos de mãos dadas, todos os dias

O fato da distância ser um mero ponto de vista

E os limites serem a beira da xícara de chá.

Vamos mudar o curso da História

Vamos pedir que cesse agora o canto do peito ilustre lusitano

E louvor às máquinas, a execração do nazismo

Vamos mudar o rumo da nau

Fazera curva no fusca

Torcer o guidom da bicicleta ao máximo

Vamos nadar contra a corrente

Vamos sair do rio e caminhar

Lado à lado

Tu e eu

Mais que deus e deusa

Mais que mulher e homem

Tu e eu

Assim

Tu e eu

Venha

Já basta dessa solidão sem fim

E a tristeza não é nada mais que superável.