COM A PALAVRA, O CIÚME
Hilarizar uma ferida não lhe ameniza e nem cicatriza;
Solicitudes por perdão, sem auto-exame, é ato vão;
Tantas promessas vêm e vão, mas logo a alma se re-encoleriza;
Nessa ojeriza à segurança, morre aos poucos o coração!
Fica o carinho subjugado, fica o beijo em segundo plano;
Na mente a dúvida persistente, no olhar a cena inexistente;
À frente um medo de perder, por dentro um desassossego insano;
Nos lábios esforço desumano para vender um discurso incongruente!
Visibilidade distorcida sob o mau tempo das emoções;
Trovões e raios contínuos sobre os indícios pouco prováveis;
Estáveis são somente os itens de tantas indagações;
Respostas que alcançam a audição, porém nunca confiáveis!
Noites inteiras sem sono, alma trêmula e castigada;
Montadas pela imaginação, peças se encaixam com exatidão;
Razão é virtude distante, talvez no nunca estacionada;
Violentada por cruel sensação, mata sem dó toda paixão!
É sal na ferida, é fogo no olhar;
Ninguém que lhe ignora, faz idéia de tal magnitude;
A dor do ciúme faz do mais rude homem qual criança a chorar;
Talvez por ninguém acreditar, que comprova seu amar com tal atitude!