COM A PALAVRA, O CIÚME

Hilarizar uma ferida não lhe ameniza e nem cicatriza;

Solicitudes por perdão, sem auto-exame, é ato vão;

Tantas promessas vêm e vão, mas logo a alma se re-encoleriza;

Nessa ojeriza à segurança, morre aos poucos o coração!

Fica o carinho subjugado, fica o beijo em segundo plano;

Na mente a dúvida persistente, no olhar a cena inexistente;

À frente um medo de perder, por dentro um desassossego insano;

Nos lábios esforço desumano para vender um discurso incongruente!

Visibilidade distorcida sob o mau tempo das emoções;

Trovões e raios contínuos sobre os indícios pouco prováveis;

Estáveis são somente os itens de tantas indagações;

Respostas que alcançam a audição, porém nunca confiáveis!

Noites inteiras sem sono, alma trêmula e castigada;

Montadas pela imaginação, peças se encaixam com exatidão;

Razão é virtude distante, talvez no nunca estacionada;

Violentada por cruel sensação, mata sem dó toda paixão!

É sal na ferida, é fogo no olhar;

Ninguém que lhe ignora, faz idéia de tal magnitude;

A dor do ciúme faz do mais rude homem qual criança a chorar;

Talvez por ninguém acreditar, que comprova seu amar com tal atitude!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 01/04/2008
Reeditado em 03/07/2009
Código do texto: T926041
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