AMOR
AMOR
Não vê que sou o perfil de seus sonhos
Adormecidos na sua última gaveta
O rabiscar das madrugadas plenas que cantam só pra você
Não queres me ver diante da mesa da realidade
Preferes as tragédias que alimentam o dia
Sou a fantasia que desenhas e não tivestes
Não vê que ando a buscar-te
Cansada e maltratada
Acreditando neste insólito coração
Não vês que o dia se finda em chuvas
No ocre dos céus de sua alma sendo deveras infeliz
Não queres, fugindo do sândalo de mim
quando ficas sozinho em silêncio
Não, não me chame de Saudade
Talhas a vida como todos os artistas do mundo
Sem a imagem que tem mãos estendidas
Para que possas subir mais um degrau depois da passagem
Vagas na agonia e preferes sorrir como todas as faces
Nas províncias, nas florestas cinzeladas do medo
Fingindo que não estou aqui, a ridícula alegria
Que já não tenho em mim, preciso de você
Para estar viva em sua pele, no seu canto baixinho
Nas suas vestes, atrás do bolso
Venha... não quero subir sozinha
Sinto vergonha de mim, essa flor partida
Jogada nestes dias fastidiosos sem ninguém
Onde tudo rompe e me delata
Arranhada, mas areada
Frustrada, perdida em ares de sonhos
Venha... não quero subir sozinha
Com minha face tatuada
A palavra desenhada,
a última Lágrima
Não me chame de Saudade.
Cíntia Thomé
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