AMOR

AMOR

Não vê que sou o perfil de seus sonhos

Adormecidos na sua última gaveta

O rabiscar das madrugadas plenas que cantam só pra você

Não queres me ver diante da mesa da realidade

Preferes as tragédias que alimentam o dia

Sou a fantasia que desenhas e não tivestes

Não vê que ando a buscar-te

Cansada e maltratada

Acreditando neste insólito coração

Não vês que o dia se finda em chuvas

No ocre dos céus de sua alma sendo deveras infeliz

Não queres, fugindo do sândalo de mim

quando ficas sozinho em silêncio

Não, não me chame de Saudade

Talhas a vida como todos os artistas do mundo

Sem a imagem que tem mãos estendidas

Para que possas subir mais um degrau depois da passagem

Vagas na agonia e preferes sorrir como todas as faces

Nas províncias, nas florestas cinzeladas do medo

Fingindo que não estou aqui, a ridícula alegria

Que já não tenho em mim, preciso de você

Para estar viva em sua pele, no seu canto baixinho

Nas suas vestes, atrás do bolso

Venha... não quero subir sozinha

Sinto vergonha de mim, essa flor partida

Jogada nestes dias fastidiosos sem ninguém

Onde tudo rompe e me delata

Arranhada, mas areada

Frustrada, perdida em ares de sonhos

Venha... não quero subir sozinha

Com minha face tatuada

A palavra desenhada,

a última Lágrima

Não me chame de Saudade.

Cíntia Thomé

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Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 29/03/2008
Reeditado em 02/06/2008
Código do texto: T922242
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