A Chuva e o meu Querer.
I
Deito para ouvir a chuva
Som divino que acalma
E às vezes alucina,
Remetendo-me a sina
De ser sensível
Ao querer mais e mais
Ao não poder ter mais
Do que agora tenho.
Coração que nunca se farta
Embora cansado de sofrer
Basta um aceno
Para aumentar o querer
II
Sinto-me estranhamente calma.
Bastou-me a chuva ouvir
E o vento as minhas costas abraçar.
Sensatez?
Paz almejada?
Maturidade?
Não sei que nome dar
A esse instante de alento
Mas sei que é um novo momento
Apesar do meu querer a ti
Apesar do teu querer a mim.
Apesar dos intensos quereres
Hoje estou tranquila, sim.