CANÇÃO DA VIDA
Tudo oco, tudo vazio,
Paredes nuas, tecto frio,
Boca sem riso,
Amor perdido,
Amor ausente,
Coração destroçado
Por amor qu'ainda sente.
Isolado e triste
Nesta solidão,
Lembro o que sonhei,
Sonho vão...
Morto à nascença
Por realidades mortais,
Soluço no silêncio
Este amor sem igual
Quisera escrever
Quadra imortal
P'ra mais tarde nela ler
Este amor sem igual...
Era feliz,
Vivi meus sonhos!...
Tudo farrapo,
Tudo morto,
Desprezado como trapo,
Arrumado como lixo
Ao canto da estrumeira...
Não sei quem sou,
Não sei quem era,
Hoje, tudo se esfumou
Qual sonho de primavera...
Neste leito nupcial
Onde a noiva não existe,
Não há ódio nem rancor
Há a saudade que persiste
Envolta em solidão
E mergulhada na dor.
Aos socalcos,
Aos solavancos,
De lado para lado
Como os saltimbancos,
Vou sendo arrastado
Com o coração ferido,
Buscando por todo o lado
Esse amor já perdido...