Salamanda
À primeira vista parecia ser amor
Mas foi a queima-roupa
Que senti nossas chances nesse ardor
Teus sentimentos em carne viva
À flor de tua pele ousei colher
Pétalas de quem ama
Arranjam-se em vaso
De um invisível Ikebana
Todos os glóbulos em fogo
Consumiam avidamente
O que de olhos fechados podíamos ver
Se isso é amor ainda não sei
Pois se dizer que sei
Espanto revoada de azulões
Emudeço trovões
Desafino sinfonias
Trinco pote de jade
Incinero, tal como Nero,
O bem à maldade
Apenas sei ao dizer: “com quem andas?”
O que sou, abraço em esquecimento
E no suor-combustível
Amam-se duas salamandas