Salamanda

À primeira vista parecia ser amor

Mas foi a queima-roupa

Que senti nossas chances nesse ardor

Teus sentimentos em carne viva

À flor de tua pele ousei colher

Pétalas de quem ama

Arranjam-se em vaso

De um invisível Ikebana

Todos os glóbulos em fogo

Consumiam avidamente

O que de olhos fechados podíamos ver

Se isso é amor ainda não sei

Pois se dizer que sei

Espanto revoada de azulões

Emudeço trovões

Desafino sinfonias

Trinco pote de jade

Incinero, tal como Nero,

O bem à maldade

Apenas sei ao dizer: “com quem andas?”

O que sou, abraço em esquecimento

E no suor-combustível

Amam-se duas salamandas

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 30/12/2005
Reeditado em 20/02/2006
Código do texto: T92053