FEZ-SE SILÊNCIO...

A voz calou e a canção sumiu.

Nem o piscar dos cílios faz-se ouvir

(São ultra-sons ou infra-sons??... São sons??...)

A lágrima, nacarada pérola, desce tão leve...

E nenhum ruído faz...

As mãos em prece são um lamento

Do vão tormento...

“Tudo é silêncio...”

A brisa não agita mais as folhas

E o regato não canta mais sua cantiga,

Como antigamente...

Do caminhar pausado e firme

Que vinha a mim,

Nada mais resta.

Só a lua, lá do alto brilha...

Mas sem a cantiga

De ninar...

As estrelas não apareceram mais no céu

E a lua está sozinha.

A lágrima desce, bem de mansinho...

O piano não emite sons,

Nem mesmo os desafinados.

Não se ouve o virar

Da folha de um livro.

Faz-se silêncio... “Tudo é silêncio!”...

Não há rumor...

Tudo é... o resto!...

E o resto, é... dor...

Ao longe, um cão levanta suas orelhas,

Como se levasse um grande susto:

O barulho do silêncio

Feito de dor,

É tão alto

Que só ele ouve...

Só ele e eu...

Engano-me! Alguém mais ouve!...

Alguém, que está sempre atento,

Muito atento

E muito me ouve...

No barulho do silêncio:

... Quem me ouve... é Deus!...

.....................25 mar 2008..............

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 27/03/2008
Código do texto: T918594
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