CENTELHA DO AMOR
Solitário, muita vez, se está, na vida,
A tudo, parece não haver saída
Alguma.
Os dias são os mesmos, sempre iguais,
Esperança... é como não restasse mais
Nenhuma.
Aperta-se-nos, dorido, o pobre coração,
Que sofre a imensa dor da solidão.
Assim, longo tempo vivemos, sem saber
O que nos poderia causar tanto sofrer,
No peito.
E não nos vem à mente alguma idéia,
Acerca dum remédio, u¿a panacéia,
Um jeito.
Buscamos qualquer coisa, o que for,
Que possa dar alívio a tanta dor.
Tentamos explicar porque o destino
Nos há de ter dado, desta dor, o tino,
Por que será?
E seguimos, procurando explicações,
Tentando achar, de tudo, as razões,
Mas não as há.
Tudo é como se não se encontrasse
Nunca, a grande solução a tal impasse.
Até que, um dia, sem mais nem porquê,
Parecemos encontrar algo que nos dê
Alívio à dor.
Chega-nos, vinda não se sabe bem de onde,
Como que uma voz misteriosa que responde
Ao clamor.
Começamos aos poucos a compreender
O porquê de tanto mal, tanto sofrer.
Então, notamos que se dá dentro de nós
Uma mudança, que esse sofrimento atroz
Apaga.
E tal momento sublime é quando amamos,
Quando a amada, com quem tanto sonhamos,
Nos afaga.
Eis que em nosso mais profundo interior
Acendeu-se, enfim a centelha do amor.