A ponte do Amor
Onde está a voz, que chega com o vento quente do Sul,trazendo no eco a vaga tranquila do rio,o rumor do mar batendo na rocha
e a cor da planície, onde cavalos alados voam correndo?
Em meu redor tudo me fala do nome, do olhar, do corpo que não conheço e amo, como se ama Deuse o Sol e o Ar e todas as outras
coisas intocáveis que, sem as vermos,nos fazem viver e sentir.
Quando virão as mãos tocar-me na pele, no rosto, nos cabelos,na alma, como já as quimeras me tocam na pele, no rosto, nos cabelos ,
na alma?
Os dias passam e o tempo e os pássaros voam e cantam debicando
o fruto das cerejeiras. Doce é o sabor do tempo das cerejas.
Os dias passam e eu passo contando o tempo que quisera breve,
como os versos ligeiros deste meu canto.
Quão triste é o tempo da espera e nostálgico o momento das marés nocturnas. Apenas ternos idílios trazidos pela mão de invisíveis marinheiros de outras viagens.
Onde está a ponte que conduz à outra margem do rio? Procuro na estrada um caminho mais fácil e apenas vejo as escarpas e os montes
e esse ponto distante, que meus olhos não alcançam,perde-se na memória viva do dia.
Alguém deterá o segredo dos mapas e das clepsidras e me apontará
o caminho da Luz através desse TEMPO feito água e ilha e brisa e espuma.
Alguém virá tocar à minha porta e trará no sorriso as quatro estações,
a árvore dourada , o tronco despido, as flores e os frutos.
Chega-me a voz com o vento quente do Sul trazendo no eco o Sonho e a promessa ; penetrante voz que irriga meu sangue e que vive em mim e que respira em mim e me ama e me chama .
Quando virá o dia em que a ponte do Amor surgirá a meus pés , tapete rolante para a margem da Felicidade?