JANELAS DA ALMA

JANELAS DA ALMA

Paulo Gondim

15/03/2008

Eu me vejo preso no meu pensamento

Enclausurado nos meus dias de tormento

Envolto em névoa fria, fosca, espessa

Que me expõe as entranhas, nesse padecer

Do lamentar diário, desse calvário

Que é minha vida sem você

E tento escapar pelas janelas da alma

Dou voltas pelo quarto, perco a calma

Olho mais uma vez a rua, a rua escura

A mesma rua que me viu crescer

Que já não é a mesma, envelheceu

Como eu, que perdi anos, sem te ver

E continuo preso, inerte, sem saída

Na expiação de minha culpa tão doída

Escapar dessa agonia é o que me importa

Antes que se torne em mim obsessão

Que já se avizinha, que já se prenuncia

Como castigo de viver só esta paixão

E aí, mais uma vez, nas janelas da alma

Olho para fora e vejo amarelada palma

Do velho coqueiro em frente à porta

Nele, vejo tuas mãos, agitando os dedos

Como sonho, que vagamente me conforta

E que ouve, calado, meus segredos

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 25/03/2008
Reeditado em 29/03/2008
Código do texto: T916547
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