O sem querer do bem querer

Edson Gonçalves Ferreira

Tuas faces são musicais para meus toques amorosos,

Com elas vôo entre o inferno e o céu

E o não poder pedir tuas mãos...

Como é difícil não ler Castro Alves ao beijar teus lábios!

E, assim, o gosto da tua boca tem gosto de sangue,

A luta para ficares comigo e eu contigo

E o céu contra nós...

Eu queria te matar de paixão!

E foges, e foges, e foges para o perto longe de mim,

E escondes, e escondes a tua verdadeira ternura,

E a ti, animal, não desisto de ter.

Tu és noite, és dia e a desesperança total.

Toda nossa igualdade reflete a maior das violências

E te amo com um amor desamado de mim que cansa,

E nem sob a lua tonta repouso,

Te procuro pra te fazer majestade e me perco.

Pode um amor ser assim tão sublime

e desafortunado, responde, meu bem-querer?

Quando a tua voz me chega quente pelo fio canal eletrônico, apaziguo.

Mas voa rápido demais o pássaro branco,

E a solidão da tua ausente presença dói mais ainda,

A gente, amada, ficamos bobos

E adolescemos demais.

Do livro "Retratos em pérolas".

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 25/03/2008
Reeditado em 25/03/2008
Código do texto: T915333
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