O MENINO TEIMOSO

Eu não me importo com o perigo, eu não tenho limites;

Por mais que insista a prudência, sou vigor inconsequente;

Sou semente que floresce, na estiagem que persiste;

Sou um dedo em riste, que afronta e congela a lava quente!

Eu mergulho sem roupa, no frio quente desse teu cio;

E me entrego à enfermidade da paixão, mesmo incerto de sua cura;

Subo ao ringue com a loucura, até teu sol em meu beijo esfrio;

Eu caminho sob lajes de prazer, mesmo que desabe sua estrutura!

Ainda que toneladas de terror, ousem soterrar o meu querer;

Eu insisto em respirar, mesmo que me diga adeus o oxigênio;

Se for mais forte do que eu, o que te afasta, eu guerreio até vencer;

Eu engulo cápsulas de astúcia, pra armar meu lado ingênuo!

Eu pulo na fornalha, rasgo nuvens e percorro a superfície do mar;

Falo até amordaçado, quando o infortúnio pretender me emudecer;

Farei valer meu coração, quando o desprezo almejar me pisotear;

E quando se findar o dia de nossa paixão, eu o farei renascer!

Quando se fechar o meu caminho, eu faço estradas nas alturas;

Quando o beijo das agruras me tocar, eu retribuirei com ironia;

E farei resplandecer múltiplas belezas, até nas minhas feiúras;

Farei em nome de nós dois, o que nem mesmo o destino faria!

Assim sou eu, irreverência acasalada à rebeldia;

Eu dou a lua ao dia, e minhas ameaças farão do sol, receoso;

Porque não fujo a essa guerra, já que pelejo por minha alegria;

Provo que te amo, abdicando de ser homem maduro, para ser menino teimoso!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 24/03/2008
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T914700
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