O MENINO TEIMOSO
Eu não me importo com o perigo, eu não tenho limites;
Por mais que insista a prudência, sou vigor inconsequente;
Sou semente que floresce, na estiagem que persiste;
Sou um dedo em riste, que afronta e congela a lava quente!
Eu mergulho sem roupa, no frio quente desse teu cio;
E me entrego à enfermidade da paixão, mesmo incerto de sua cura;
Subo ao ringue com a loucura, até teu sol em meu beijo esfrio;
Eu caminho sob lajes de prazer, mesmo que desabe sua estrutura!
Ainda que toneladas de terror, ousem soterrar o meu querer;
Eu insisto em respirar, mesmo que me diga adeus o oxigênio;
Se for mais forte do que eu, o que te afasta, eu guerreio até vencer;
Eu engulo cápsulas de astúcia, pra armar meu lado ingênuo!
Eu pulo na fornalha, rasgo nuvens e percorro a superfície do mar;
Falo até amordaçado, quando o infortúnio pretender me emudecer;
Farei valer meu coração, quando o desprezo almejar me pisotear;
E quando se findar o dia de nossa paixão, eu o farei renascer!
Quando se fechar o meu caminho, eu faço estradas nas alturas;
Quando o beijo das agruras me tocar, eu retribuirei com ironia;
E farei resplandecer múltiplas belezas, até nas minhas feiúras;
Farei em nome de nós dois, o que nem mesmo o destino faria!
Assim sou eu, irreverência acasalada à rebeldia;
Eu dou a lua ao dia, e minhas ameaças farão do sol, receoso;
Porque não fujo a essa guerra, já que pelejo por minha alegria;
Provo que te amo, abdicando de ser homem maduro, para ser menino teimoso!!