INTRADUÇÃO
Há algo intraduzível em meu peito,
Um vazio absoluto que me tolhe,
O fulgor das faces muito pálido,
Como a água que não molha.
Há um nebuloso amanhecer,
Um triste caminhar apressado,
O deslize assombrado entoando,
Como o tropeço do palhaço.
Há todo um arsenal preparado,
Um retumbante ressoar disparado,
O projétil dilacerante nas carnes,
Como a brasa que incendeia a palha.
Há o descontentamento acentuado,
Uma divergência maculando,
O espírito insatisfeito e vago,
Como a folha sobre o chão seco.
Há o inconveniente instalado,
Um frescor desnorteando os olhos,
O eflúvio de sensações mistas,
Como o dispare que se converge.
2.005