Aquele beijo
“Aquele beijo”
Você me pergunta se sou capaz de beijá-la?
Eu lhe respondo fazendo o que mais gosto
De olhos fechados me aproximo de seus cheiros
E dos cabelos emaranhados aos meus me acerco
Minha boca apenas tateia seus lábios
E se delicia em passar uma película de carinho
Película essa que causa arrepios em nós
E que une nossas salivas e línguas
Em um uníssono procurar de encaixes
E de tanto zanzar em céus e dentes
Se encontram no abraço que nos enlaça
E nos amassa com pressão ininterrupta
O beijo não cessa aí
Ele somente tem uma pausa, de respirar
E fundo, bem fundo mesmo, suspiramos
E novamente, as mãos se ajuntam no rosto
Como se nem pensamento pudesse escapar
Desse momento eterno e molhado
E numa sucessiva conexão de toques
Beijo-a, beijo-a, beijo-a
Não são três e nem mil
É um só que se perpetua
E recomeçamos ardendo mais e mais
E seus dedos invadem minha boca
Como se mais dos nossos corpos pudessem
Participar do festim apaixonado
O beijo prossegue inenarrável agora
Sem tempo, sem começo ou fim
Nunca mais me pergunte do que sou capaz
Pois o amor que tenho –como meus beijos-
Não cabe em mim.
JB Alencastro