São momentos deste mundo real
Abandonado pelas ondas no areal,
Sou um usado barco de pesca,
Sou de madeira não-metal,
Para a arte já não interessa.
Faço parte das brincadeiras da canalha,
Tenho recordação de namorados ali rindo,
Posam para a maquina que os metralha,
Elas sensíveis olham para o sol lindo.
Eles mais sorrateiros para os seios olham,
Incendiando mais sua sexualidade,
Nos seus corpos seus pénis roçam,
Chegando quase ao extremo de sua virilidade.
Elas mais subtis se arqueiam,
Como não querendo, mas desejando-o,
Assim vão tendo o que mais anseiam,
Eles nos quadris femininos se roçando.
São imagens de que vão sonhando,
De seus amores ardentes e loucos,
De noite na cama se vão tocando,
Como gozam todos os dedos são poucos.
São momentos deste mundo real,
Enquanto meu casco apodrece,
Agonizante na imensidão desse areal,
Num grito á vida a paixão refloresce.
Autoria: A. Manuel de Campos