Poema 0547 - Morrer em uma noite destas

Deixarei as janelas abertas até o canto,

as portas sem as trancas, como meu peito,

voltarei a morrer qualquer noite destas,

assim como matam o amor nos olhos.

Não preciso esperar a noite para me sentir perdido,

estou separando cada parte do meu corpo,

desliguei minha saudade hoje pela manhã.

Mentira! Meu rosto ainda tem marcas de luz.

Morrer nunca é tarde, não à noite quando dormem,

não sei se aquele amor que pensei estava seguro,

as mãos que não vieram ao rosto para acariciar,

os olhos se embebedaram de uma falsa alegria.

Sou de um tempo que não conhece nada além do amor,

o meu silêncio é para esconder alguma dor,

as palavras param em meio a gargalhadas,

não sei se outros amores virão, desconheço o tempo.

Aos poucos, dias de felicidade deixarei escritos

em pedaços de papéis que ninguém vai ler,

a luz vermelha do teto queimou quando a paixão se foi,

a tarde esfria sobre a cabeça de homens solitários.

As janelas continuaram abertas noite adentro,

as portas entreabertas para alguma esperança,

haverá um dia em que tudo termina ou começa,

talvez seja tarde demais ou cedo para morrer.

27/12/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 27/12/2005
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