Sentimentos
O estômago compõe uma canção destoante
Embrulha e ignora o mal que me faz
Deito a cabeça dorida no teu ombro
E sinto satisfeita a carícia
A cabeça vai aliviando
A barriga se revolta e acalma em ciclos
Os olhos cheios d’água e
E eu te fito aflita
A dor, o medo, a mágoa de tua despedida
Os dentes se organizam num sorriso escuro
Os lábios se contraem, tentam o absurdo
E, da garganta em pânico, surge amarrotado
Como um murmúrio rouco, seco, inexpressivo
Um adeus gélido, que acompanha as mãos
Em um gesto tolo como os sentimentos
Que cultivei incólumes pra te oferecer