"FONTE INESGOTÁVEL DE AMOR"

A noite cresce, adentra...

O vento lá fora é um açoite ao silêncio,

arrastando as folhas pelo asfalto

com ruídos estranhos, desconfortáveis.

Esperamos. Longas horas (intermináveis)!

E como a noite, o medo cresce dentro da gente,

toma conta.

O mundo lá fora é hostil, inimigo,

mas lá estão eles...

Celulares...

Inúteis aparelhos!

Não nos dão pistas, nem tranqüilizam.

A ansiedade impera até ouvirmos,

na madrugada,a mais linda música,

causada pelo som das chaves no portão,

do barulho do carro na garagem.

Não queremos ser donos.

Apenas os amamos mais que tudo.

Cresceram. E muito rápido,

sem nosso consentimento,

sem que déssemos conta.

Imaturos?

Muitas vezes, mas adultos também.

Assumiram o controle da própria vida.

A infância ficou pra trás,

deixando-nos a sensação

de dever não cumprido, tarefa incompleta,

tantas coisas a serem feitas,

passeios não realizados, sorvetes...

Saudades! Muitas...

Dos quartos desarrumados, roupas espalhadas,

casa cheia de amigos, músicas barulhentas.

Saudade de vê-los dormindo (e sonhando...),

tão perto e protegidos,

de cantar baixinho os mesmos acalantos.

Saudade de ajeitar um cobertor,

beijar-lhes a testa, o rosto, afagar-lhes os cabelos

e dizer novamente bem baixinho: “boa noite, amo você”,

tendo a certeza que embora dormindo,

eles nos ouviam e sentiam.

Filhos...

Nossa razão de ser,

força que impulsiona,

certeza do amanhã,

fonte inesgotável de amor.