Beijo sem queijo
Edson Gonçalves Ferreira
O celular tocou quinta, sexta e sábado
Fingi que não ouvi
Quis dar uma de difícil
Meu amor ficou furioso e atirou o danado no rio
Resmungando: _ Poeta maldito, diabo de homem, surdo...
Esqueceu-se de que sou geminiano
O signo dos artistas
Até Fernando Pessoa era
Aí os heterônimos... Não e não e não!...
Não sou volúvel, sou apenas versátil
Tão versátil que só quero quando quero
E, agora, com raiva, meu amor desligou o celular
Desde então, estou comendo queijo toda hora
Já que não tive os beijos
Os beijos tão desejados deste fim de semana
E, assim, carnívoro
Preparo a boca, os lábios, os dentes
Para morder a sua boca, amor, quanto ligar de novo
Estarei mais sedento que vampiro
Pelo sangue quente da nossa paixão.
Divinópolis, 16.03.08