Vestida para matar
“Vestida para matar”
Coloquei uma roupa nova
Meu banho foi demorado
Vou sair para encontrá-lo
Perfume de esperanças, prova
O porteiro gira o pescoço
Meus colegas - o que houve- perguntam
O dia demora a passar, torço
E as luzes todas - para mim- brilham
No almoço, mamãe diz, o que há?
Cantarolo baixinho umas prosas
Sorrisinho maroto não consigo tirar
Comidas estão deliciosas
Vou estudando, me exercitando
Meus suores vão passando
E ele não chega nessa
E o dia finda com a promessa
É noite tranqüila e ao longe um som
Diz-me que é ele que vem
Tudo já se foi, tudo bem
Eu sinto que vai ser bom
O vestidinho está amarrotado, sim
Preparo-me mesmo assim
Estou vestida para matar
Mas do que me adianta desse jeito ficar?
Se já sucumbi antes de vê-lo?
Ao seu olhar que me desnuda
Eu não sei com que roupa tê-lo
Pois se quando o encontro, fico muda.
E amo-o em pêlo.
JB Alencastro