DEPOIS DO SONHO

Depois do sonho,

sempre acompanho,

o nefasto acordar.

Depois do sono,

meu vasto abandono,

é um relaxar.

Depois do pesadelo,

me faz coçar o cabelo,

o teu olhar singelo.

Depois do fracasso,

da pouca coisa que faço,

abrigar os pés no chinelo.

Depois do estopim,

o que resta pra mim,

é meu fraco desdém.

Depois do estampido,

que me dói o ouvido,

o ruído vindo do além.

Depois do experimento,

de vagar o pensamento,

tenho tanto desvelo.

Depois do anonimato,

perco-me pelo mato,

que nem chego a vê-lo.

2.003