GRITO DE DOR...
Grito de dor,
Imenso e sem fim,
Ouviu-se nas trevas da noite...
Vinha de um coração
Atingido e esmagado:
Por sonhos perdidos,
Da etapa no fim,
Por afãs tão sofridos...
Por metas chegar...
Por forças ocultas
Mil vezes brotadas,
Por lutas heróicas
Em fel destiladas...
Por amor esmagado
Em tão pouca ternura...
Pelo que resta
Da febre da vida:
Um feixe de nervos
Vibrando amargura...
Por nua verdade,
Já sem preconceitos,
O grito da mágoa
Se expande no peito...
E todo o silêncio
Vivido e “perfeito”,
Se agita, debate,
Rompendo barreiras:
Por dor, por direito,
Num grande clamor!...
Por dor, por direito,
De viver seu amor!...
E lá nos eirados,
Nos campos,
Nas matas,
As ervas, os musgos,
E a folhas e flores,
Choraram também
Na noite em que o grito,
Extravasando as barreiras
Em tristeza se ouviu!...
Na noite em que o grito
Clamando justiça
Alcançou liberdade
Clamando nas trevas
Ecoando no mundo:
Justiça! Justiça!...
E quando o dia amanheceu
As folhas e as flores,
As ervas e os musgos,
Fizeram-se belas
Ao brilho do sol...
E o grito... perdeu-se...
Nas brumas da noite...
Raiou a manhã.
..................................sem data............
..................................sem tempo.........