JASMINS MOFADOS

JASMINS MOFADOS

Sobrevoe no caudaloso céu que só aqui resvala

A negritude do bem que sepultas

Com as ervas daninhas que fazem cócegas

Aos pés da pedra filosofal

Que transcende a alma e o limbo das línguas

Nos véus a esconder a vergonha de ter sido vida

No ventre, aquela seiva úmida das folhas manhãs

Conduza o vento a tocar a lira da próxima noite

Em finos jasmineiros e cravos mofados

Arranque as penas dos corvos famintos

Que espreitam a vinda do próximo habitante

Orvalhe os olhares das madonas

Monas, Monalisas que repousaram os cílios trêmulos

Em sua boca, gosto da falsa saudade

No cântico dos cânticos das uvas maduras

Que deleitaste

antes de um sono fugaz outrora

Respingam as hastes das videiras em negro leite

Rosários

Maculando a sua mão que condenou

Anunciou os poucos dias da amada ninfa

Seu amor range dentes, delata seu pecado

Seus olhos nada mais verão nos meus

A face já é sem a boca que queima

E não contempla as estrelas e sóis

Olhos sem meninas girassóis

Não segure as mãos juntas, pois sangue escorrerá frio

Pois elas espalmadas protegem as folhas de outonos

A liberta carne em mármore

O oco útero, ninho sementeira

Este enlace eterno e derradeiro

Vida e tempo

Mãos descansam na última oração

Por ti, Amor

Que aqui não morre,

Mas desaparece.

Cíntia Thomé

Poços de Caldas, 07/03/2008

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Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 13/03/2008
Código do texto: T899893
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