DELIRIO - Regina Lyra
Não castigue
com o silêncio pesado,
não grite
com o olhar penetrante,
lâmina aguda, afiada
retirada da bainha suja.
Não se torne um algoz
com a sua voz,
não se deixe plantado
com o sentimento do nada.
Não permaneça só
não crie caso,
conjugue o verbo amar
no caldeirão borbulhante de um desejo.
Na espuma do banho flutuante,
marque o corpo com os seus beijos.
No murmurinho do afã
se permita o arrepio,
inquietante delírio nos seus dedos...
(Poema publicado no livro Insensatas Palavras. Ed. Universitária: João Pessoa, 2003).