EM BUSCA DO AMOR

EM BUSCA DO AMOR

J.B.Xavier

Pedaços do tempo desprendem-se das paredes de antigas vivências

E despedaçam-se no chão estéril de expectativas insatisfeitas....

Ah, vida! Por que brincas assim de infelicidade,

Quando tudo em mim transpira esperanças, e mesmo a saudade

É uma ponte para novos reflexos de amores passados...?

E nas galerias desse museu de novos ideais,

Novas expectativas renascem a enfeitar quadros vazios

Cujas molduras reluzem ainda, sob o fogo brando da espera...

Por que me manténs assim, nesse vislumbre eterno de alegrias

Quando sequer me permites tocar sorrisos

Ou sentir a delicadeza dos aromas das novas primaveras?

Lamentos gotejam pelas frestas da ilusão,

Enquanto a mão busca a candura apenas delineada

Num céu que brilha por trás da tempestade....

Ah, vida! Por que então não extingues essa vontade de te festejar,

Que palpita no ardor de antigas conquistas

Reverberando nas fronteiras de um futuro nunca alcançado?

Fragmentos de êxtases lampejam como faíscas tremeluzentes

E extinguem-se na eternidade do momento que duram

Colocando-me ao alcance da mão, sonhos e doces motivações

Enquanto fá-los fumaça que se esvaem ao menor toque...

Sorrisos brincam de ser feliz,

Enquanto tu os acalenta na eternidade de suas juventudes.

Ah, vida! Por que a crueldade com que me iludes,

Quando me ofereces a graça da eternidade e da beleza

Quando me tornas majestade, e então, retiras-me a realeza

Levando de mim esses sorrisos, e trazendo-me a tristeza?

Que queres de mim, além do que te posso dar?

Que esperas de mim, se sabes que só te posso oferecer

O que de mais importante me ensinaste – a alegria de amar?

Por que então, te esquivas às minhas oferendas,

Se o gotejar eterno da esperança são minhas melhores prendas?

Se é na esperança do eterno, se é nelas que verdadeiramente existo,

Se é por ti que seguir ainda insisto

Por que essa serena e calculada crueldade

De me manter sempre a um passo apenas da felicidade?

Ah, vida! Por que dás-me o perfume, mas não a flor?

Por que me abres as portas do paraíso, mas afastas de mim o amor?

* *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 13/03/2008
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