O ARLEQUIM DESEMPREGADO
Sobre um deserto abarrotado de urubus
o Arlequim passeia satisfeito e triste
a solidão inédita dos ambulantes
desfaz a alegria feroz dos ditadores
desossa sonhos de grandeza no meio da noite
cães danados uivam a uma lua irrigada
pelo sangue dos suicidas
abandonados pelo Deus em todos os momentos
das vidas
os mascarados de otimismo
morrem
ao nascer do sol dos bancos
o irmão das flores e da ventania
esconde-se na nudez
aonde não há miséria
do tempo o vazio é a contabilidade
o progresso é o cio
a moça dos olhos estrelados
varre a poeira na estrada
p'ra baixo do sol poente
e as borboletas escorregam as cores
da música pelas lágrimas
do sonho chegado ao fim