NA NOITE FRIA DOS TEMPOS




E tudo que não foi
e nunca mais será
e do que vivi, afinal,
de tempos enganadores?
A quem entreguei-me de tal forma,
uma miragem?
Promessa, desejo, a quem, por quem?
Parece mesmo que o amor
inicia e termina em nós mesmos:
é a nós que queremos bem,
são nossos os sonhos
projetados no espelho alheio,
e vistos como se ali nascidos fossem...
Gritamos "eu amo" para o vale sem fim,
pois queremos de volta,
adoçada nas palavras do outro,
a nossa certeza de não estar sós...
Isso é o amor?
Uma projeção de nós mesmos
pra comprovar que existimos?
Um olho no olho onde lemos
a nossa própria história?
Aquelas lindas palavras
que alguém nos escreveu,
aqueles loucos delírios que
sentíamos nas madrugadas,
criação de nossos sentidos
exacerbados?
Palavras em combinações
irresistíveis,
flutuando no lago manso das
nossas expectativas!

E sendo isso, ou aquilo,
sabemos entretanto,
que só sentimos a vida
estando a amar intensamente.
Sem o amor seremos
apenas espectros,
criaturas vazias
levadas por ventos fortuitos.
Porque a angústia de não saber
quem realmente somos,
nos faz olhar o mundo com olhos
buscadores,
com inquietação e expectativa,
com o inconformismo de quem
não vive sem estremecimentos.
Na busca do outro está realmente
a busca por nós mesmos,
mas neste mágico encontro,
haverá um enlace de histórias
onde ambos estarão a escrever
um novo momento de solidão,
solidão a dois? Quem sabe, porém...
aconchego na noite fria dos tempos
quando juntos os corpos em êxtases
encontrarão a eternindade
em instantes ...
...e pousando tua boca na minha,
falaremos silêncios arrebatadores...












tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 11/03/2008
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T895931
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