CICATRIZ
Cicatriz
Há muita dor incrustada no peito,
Enxaqueca de passados na cabeça,
Lábios cerrados para o amor.
Eu lhe digo isso com o sorriso póstumo
De quem assiste ao cortejo de seu pior inimigo.
Impaciência, com algum tipo
De benevolência.
Existe inaceitação no anverso de minha face,
Recusa antecipada ao cadafalso inexorável,
Nossa gota-fim de solidão,
Menos amarga, um lenitivo lento
Pra engessar as comedidas causas
Do acidente, esse nosso incidente,
Que um dia já foi tanta coisa.
E hoje, encontra-se incubado
Numa gaveta qualquer,
De necrotério, talvez,
De insônia, de avidez.
E se ainda houver vida,
Não a deixemos, se remida,
Sem nova dor sequer.