Sem forma

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Sem forma

Na eternidade deste instante.

Cala a voz, voz errante.

Cala o corpo, hesitante.

Cala o homem, incompleto.

Na fixidez do ultimato.

Exalo o perfume do desiderato,

sentenciando, indignado:

você me mata por completo!

Caleidoscópio mitigado.

Sonhos liquidificados.

A vida é a catacrese

do meu sonho sem rosto.

Inanimado pelo desgosto,

cobrarei o imposto

de cada pífio centavo!;

de toda lágrima caída.

Agora pareço invisível fera.

E a imagem no espelho, terna,

é apenas o vulgo troféu

do desespero - Oh vida cruel!

Já fui menestrel.

Debrucei-me ao violão.

Sendo a vida um cordão,

perdi-me nos seus elos.

Restaram os anelos,

todos eles soltos,

uns e outros amorfos,

e uma profunda solidão.

Crato-CE, 7 de março de 2008.

11h05min

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