DOCE DELÍRIO!
Quando, à noite, a solidão se avizinha,
Ouço tua voz, que insiste em gritar meu nome
Na mesma intensidade que me consome,
Faz-se presente na ausência que espezinha.
Quando chegares, na soleira desta porta,
Eu estarei, sem mais conter-me, a tua espera.
Libertarei de minhas mãos toda quimera,
Abraçando a realidade, que me importa!
Mordo teus lábios, sinto o gosto de sangue
Em minha boca, já sedenta de teus beijos.
Entrego-me à loucura que move o desejo
De ter em teu corpo o meu, quase exangue
Que, nesse transe do momento, já vencido
Por essa lava de paixão que nos domina,
Mantendo presa, ao delírio que alucina
A chave do segredo jamais esquecido!
Conquanto esse amor meu coração desarme,
Render-me-ei às malhas do doce delírio...
Serei eternamente tua, sem martírio
No enlevo deste desejo a subjugar-me!