ARCANA - II
Arcana-II
Arcana! Tu estás triste.
Ajoelhada por uma força que não é a minha.
Vejo-te com os cabelos (teus sedosos fios,
sempre tão lisos, sempre tão castanhos)
Sobre os olhos. Tua angústia desatrelada
De minha rigidez. Por que te estás assim, querida?
Falta-te algo? Será amor? Será comida?
De roupa tu não precisas.
Assim tu me partes, Arcana!
Embora não possa evitar o prazer
Que tenho quando do teu desprazer.
Estás na porta do banheiro. Tomaste banho?
Nem estás molhada. O que houve?
Eu trouxe-te uma veste.
Preta., Arcana!...Preta e transparente
Usa!...
Ora, levanta-te daí, insana!
Isso. Agora, deita-te.
Meu aparelho guarda-te secreta;
Eternamente jovem e seminua.
Teu corpo não me mente
- não é como tu, ingrata -;
Morno, meu manequim,
Visível como numa vitrine.
Mas palpável só a mim.
Teu veludo me mata!...
Não te abras, Arcana!
Tu és meu crime.