ARCANA - II

Arcana-II

Arcana! Tu estás triste.

Ajoelhada por uma força que não é a minha.

Vejo-te com os cabelos (teus sedosos fios,

sempre tão lisos, sempre tão castanhos)

Sobre os olhos. Tua angústia desatrelada

De minha rigidez. Por que te estás assim, querida?

Falta-te algo? Será amor? Será comida?

De roupa tu não precisas.

Assim tu me partes, Arcana!

Embora não possa evitar o prazer

Que tenho quando do teu desprazer.

Estás na porta do banheiro. Tomaste banho?

Nem estás molhada. O que houve?

Eu trouxe-te uma veste.

Preta., Arcana!...Preta e transparente

Usa!...

Ora, levanta-te daí, insana!

Isso. Agora, deita-te.

Meu aparelho guarda-te secreta;

Eternamente jovem e seminua.

Teu corpo não me mente

- não é como tu, ingrata -;

Morno, meu manequim,

Visível como numa vitrine.

Mas palpável só a mim.

Teu veludo me mata!...

Não te abras, Arcana!

Tu és meu crime.

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 07/03/2008
Reeditado em 07/03/2008
Código do texto: T890506
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.