A UM VAGO AMOR (SEXTINA)

Amor que jamais coube em molde algum
e suas próprias leis viveu sem tempo,
não teve restrições e foi somente,
a mais pura expressão de entendimento.
Deixou na sua ausência uma saudade,
porém na vida tudo tem seu fim.

Eu não pensei que um dia houvesse fim
e mesmo, não achei motivo algum,
pra um dia, ver surgir atroz saudade
de quem, antes de mim, se foi no tempo.
Se busco, em vão, achar entendimento,
perguntas sem resposta vêm, somente.

Se eu me afastei de ti, bem... foi somente
porque eu não pensei que fosse o fim.
Assim, nada abalou o entendimento
e nada se rompeu, nem houve algum
motivo para crermos que esse tempo
enfim chegasse, trazendo a saudade.

Eu sei que não há cura, essa saudade
ficou comigo, e é minha tão somente,
embora eu desconheça quanto tempo
eu tenho, até que a vida chegue ao fim.
Ainda que não tenha medo algum,
jamais cheguei a esse entendimento.

É certo, já procuro o entendimento:
quisera descobrir se essa saudade
comigo vai morrer, tal fora algum
degredo a me afastar de ti somente;
se quando esse sinal chegar, por fim,
o amor, junto à saudade, vence o tempo.

Se tudo aqui na Terra tem seu tempo,
além, como será o entendimento?
A espera fatalmente terá fim:
a morte, também mata essa saudade?
...Ou nada importará porque, somente,
contigo eu quero estar, sem tempo algum.

Se amor algum já me prendeu no tempo,
a ti somente eu devo o entendimento
de que a saudade pode não ter fim.