Templo

Tens-me em partes sólidas e líquidas.

Nas veias quentes que rompem a pele.

Tens-me pudica, reservada, vadia,

no olhar que inflama, na boca que geme.

Faço tua noite úmida e silenciosa.

Deslizo em teus pêlos, gotejo desejo.

E tenho-te absoluto em poros de Eros

sorvendo meu gozo, meu verso, minha prosa.

E trocamos prazeres sem castidade,

sem dominação, sem ambigüidade.

No nosso templo, impulsos são seivas.

E as seivas, nossa cumplicidade.