O CANTO DO MEU ENCANTO

O CANTO DO MEU ENCANTO

Jorge linhaça

I

Canto o canto do encanto,

entre cantos e paredes,

no canto seco meu pranto

Canto o canto do encanto,

e inda assim me espanto:

que o pranto tenha sêde!

Canto o canto do encanto

entre cantos e paredes

II

Se o canto seca o pranto

e o pranto mata a sêde

pranteio, pois, no meu canto

( Se o canto seca o pranto)

canto os meus desencantos

qual peixe preso na rede

Se o canto seca o pranto

e o pranto mata a sêde

III

Não quero nunca ser santo,

dependurado em paredes.

Esquecido em algum canto,

não quero nunca ser santo.

Por isso canto o meu pranto:

Sou isto que ora vêdes!

Não quero nunca ser santo

dependurado em paredes

*******