A GENTE NASCE - 1h27min - 18/01/2008

A gente nasce, cresce... vai a escola.

Ouvimos mamãe, papai, vovó e suas teorias de como as coisas eram.

E não damos muita bola.

E seguimos os mesmos ou piores erros, que um dia eles quiseram.

Lembro-me do impacto do poema de Mário Quintana.

Lembro-me do impacto do Super Mário Brother.

Lembro-me...

Uma vez alguém disse que o "Homem" é feito de lembranças...

É... talvez ele soubesse o que estava dizendo.

E com tanto desejo, tanto sonho de criança

não percebeu que estava crescendo.

O tempo não perdoa: segue adiante.

E querendo ou não querendo a gente cresce.

E logo o amigo de infância não reconhece teu semblante.

E com química ou sem química, você envelhece.

Envelhecer e morrer.

A maior justiça divina é conjugar estes verbos

na primeira, segunda e terceira pessoa do plural, por séculos!

Tic-Tac. Envelhecer-Morrer.

A gente nasce, cresce... vai a escola.

A menina da carteira da frente, hoje é gerente de fábrica de cerveja.

O tímido do meu lado esquerdo, hoje é engenheiro da Coca-Cola.

O indisciplinado, expulso tantas vezes, hoje é rico, dono de igreja.

Aos 14 a gente pensa que pode mudar o mundo.

Aos 17 a gente pensa que pode entender o mundo.

Aos 20 a gente pensa que pode contribuir para o mundo.

Aos 27 a gente quer esquecer o mundo.

Aos 40 a gente quer que o mundo nos esqueça.

Aos 62 o mundo nos esquece.

Entre nascer, crescer, e ir a escola

em algum momento a gente morre.

E quando a morte nos assola

aquele que bebia e ia contigo aos pré-caju da vida

comparece ao seu enterro, acende vela e chora,

e mais ainda na missa de sétimo dia.

Nos meses seguintes, você vira assunto de mesa de bar:

- “Fulano animava tudo com sua alma de artista.”

E se a cachaça for da boa e fizer efeito, alguns vão lembrar

de cenas em que você foi coadjuvante ou protagonista.

Mas depois de um ano.

Durante a missa só se vê a família,

e fica bem claro que para os amigos de farra, de festa, de bebida,

você virou um nome. Um nome antecedido de "finado".

Depois de um ano...

Mas fora a família,

mais precisamente mãe, pai, irmão.

Pra uma pessoa você não morre.

Pra uma pessoa você nunca perdeu a pulsação.

Pra uma pessoa...

parece que foi ontem que vocês se conheceram,

que trocaram o primeiro olhar,

que foram apresentados e ficaram à toa,

que pouco a pouco defeitos e qualidades apareceram.

Pra essa pessoa,

parece que foi ontem que a primeira mensagem no orkut foi trocada,

que a primeira ligação telefônica foi feita,

que a primeira visita ao Caribe foi realizada,

que o primeiro buquê foi enviado,

que "EU TE AMO" foi dito de forma tão improvisada.

A gente nasce, cresce... vai a escola.

E é na vida que encontramos essa pessoa,

que faz a nossa existência ter um sentido.

E nos dá a lógica de que qualquer coisa, fora o amor dessa pessoa

é pura e simples esmola.

É coisa que não se explica,

É coisa que se sente,

Seja macho ou fêmea,

Não se fabrica.

É coisa de um só tipo de gente:

É coisa de alma gêmea.

A gente nasce, cresce...

ama, ama, ama, ama

quando anoitece e amanhece,

e nasce todos os dias.

Anderson Sant Anna Teinassis
Enviado por Anderson Sant Anna Teinassis em 01/03/2008
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