À JANELA DO HOTEL

À janela desse hotel, observo pedaços daquela estrada;

Os veículos que se vão, não conseguem me levar de volta;

Os que chegam trazem lembranças, que dão forma ao meu nada;

E viajo pra o local de onde jamais saí, com saudades fazendo escolta!

A proposta que me faz essa paisagem, é por demais irrazoável;

O olhar que se perde dentro em mim, só se acha onde veio;

O encanto do calor que eu deixei, torna este manto detestável;

A coragem de ser forte tão distante, é menor que o meu receio!

Então debruço na janela desse hotel, o meu sonho de retroagir;

Vou provar ao meu progresso, que avanço no meu recuar;

Pois a paz de meu governo, veste o hoje de um outrora a insurgir;

E pra localizar o que mais gosto em mim, tenho que me desencontrar!

Eu aceito o pedido de perdão, que me fez a circunstância;

Eu discirno cada víscera involuntária desse evento;

Mas a janela é pequena demais, pra permitir o pulo dessa distância;

E o peso das vontades apartadas, esmigalha tanta solidão ao relento!

Por isso eu olho um pouco de mim, na cena agitada que agora assisto;

Isso ou aquilo, eu ou tudo mais - somos menores do que ela;

De voltar o quanto antes, aos braços de meu paraíso, não desisto;

É por isso que meu pranto irriga as flores, debruçado á janela!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 01/03/2008
Reeditado em 04/08/2008
Código do texto: T882198
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