Noite de amor
Talvez o passado fosse só uma lembrança morta, onde
A saudade não se importava com as desavenças banais,
Sonhos de um amor perdido que não volta mais
E ávido o coração resistia ausências dos ancestrais.
O amor se tornara presença ausente de compaixão
E só fazia no corpo a manifestar maravilhosa excitação
Deixando aquosa a cavidade, vozes, loucas vozes
Discorrendo sentimentos frenéticos de sagacidade.
E sob olhar brejeiro, corpo sobre corpo, fantasiando
A vida ia, ouvindo canto do além, a alma fazendo bem
Corola dos madrigais, e, envolvido no silêncio, enxugava
Lágrimas com branco lenço, emotivado almejando mais.
Ádvena madrugada, aurora cinzenta nunca imaginada,
Tranqüilo coração batia no peito, não havia outro jeito,
Vida sazonada, licor ao fruto de cereja, nada mais restava,
Só com o preto no branco o direito a verdade atestava.