VIDEO GAME
VIDEO GAME
Em velocidade alta se encontra
o sangue em minhas veias.
Vibra o peito sucessivamente
com pancadas fortes sem pausa
causando inquietação quase irritante.
Um corpo esguio na nave estrelar
se aconchega no colo do espaço, se mexe
livrando-se da espuma do travesseiro.
Tenta se livrar do dia inteiro
da margarida que não chorou
que nem sabe onde está ou se
alguém a plantou.
Na mão, o vídeo game mortal, tarzan
moderno que dorme com faca na mão
Sinto a face enrubescer
em um arrepio de curto -circuito no
corpo inteiro, que despenca
no tobogã, de cabeça para baixo
com a boca seca, gosto estranho
amargo/sal e cobertura de chantili.
Não seria a sensação do vácuo espacial ?
O lançamento foi perfeito, o treinamento
completo, todos os itens, tudo normal !
O oxigênio fica rarefeito
o ar pesado
os pulmões se enchem de nada e
dispara o alerta vermelho :
Atacar também com vídeo game
naufragando -se no espaço com os
cacos da nave detonada, ou então ...
Não ! Ainda consigo parar esta carro
de bois empoeirados, dentro córrego
raso e enquanto bebem desta água
espraiada, merendo queijo com rapadura
na sombra da gameleira.
Tomo café na garrafa de guaraná
arrolhada com palha de milho
guardados na capanga de algodão
que trago comigo a vida inteira.
A margarida aparece redonda de
boca amarelo-ouro, sorridente
cara de criança que ganhou uma bala
escondida das outras.
Quem a plantou pouco importa.
Desfila desconfiada, com pequenos tropeços,
mãos meio perdidas que as deixa cair
de propósito, quase despercebido
em meu corpo,
convite ao vídeo game lunar.
O tarzan pulando de estrela em estrela
no cipó de lençol de chita,
sem tanga, cabelos que se misturam,
se ofegam e transpiram.
Bêbados no excessivo oxigênio de abertura total
irresponsavelmente abrem a porta da
nave estrelar, mergulham-se
no espaço sideral em um só corpo e brilho,
nadam até chegar a sombra da gameleira
para beber o guaraná na garrafa de café
enfeitada com palhas de milho
BsB 27.11.91